Hoje é o grande dia! Vários autores e diversas editoras uniram-se na campanha idealizada pelo amigo Ademir Pascale objetivando trazer o leitor ao fantástico universo que existe bem próximo dele! Isso mesmo! Não é preciso dar um nó na língua tentando pronunciar títulos e nomes de autores que vem enlatados para nós! São obras, contos e histórias produzidas com o selo "Made in Brazil" desde a capa ao escriba.É hora de pararmos de crer na cultura do "só é bom por que vem de fora" ou "se vem de fora é melhor do que os que tem aqui!" Essa forma de pensar vem dos tempos coloniais, onde qualquer coisa da qual se necessitava vinha da metrópole ou de potências mercantis estrangeiras.
É hora de reconsiderarmos esse "vício" em consumir material além de nossas fronteiras. Tudo bem, tudo bem, existem excelentes autores e muito boas obras importadas (eu aprecio o grande mestre Lovecraft e o não menos importante Poe) todavia, não podemos e nem devemos por de lado o autor nacional! Sobrenomes "Silva", "Pereira", "Santos" e outros mais NÃO SÃO sinônimos de que história não é boa, ao passo que "King", "Tolkien", "Meyer" (que legal, é um bairro do Rio de Janeiro também) necessariamente não significam que as narrativas são indiscutivelmente excelentes.
É certo que o cinema e literatura tupiniquins produzidas ao longo do século XX tem sua (enorme) parcela de culpa nesse processo. Quem nunca ouviu falar das tais pornochanchadas dos anos 70, da censura a qualquer manifestação de alguém cujo intelecto não fora domado/destruído pelo punho de ferro da ditadura e livros que (me perdoem) só falam de prostituas, malandros e sacanagem a rodo em suas páginas?
Por que o autor nacional só pode falar de samba, futebol, mulher pelada e sexo? Fico muito feliz quando ouço os nomes "Vianco", "Spohr" e "Coelho" (sim, até ele vale como exemplo) pois são autores que conquistaram seu espaço num panorama onde o tal e ultrapassado tropicalismo imperou até alguns anos atrás.
Que se abram os portais dos reinos mágicos e universos fantásticos, que bestas inomináveis sejam invocadas, vampiros se esgueirem nas sombras sedentos por sangue! Que zumbis famintos rastejem de suas tumbas e aterrorizem os leitores com seu toque pútrido! Que lobisomens devorem a carne de suas vítimas sob um luar vermelho-sangue! Que o leitor brasileiro, enfim, desperte para as milhares de excelentes histórias contadas por pessoas como eu e você, pessoas que, acima de tudo, desejam levar quem toma contato com seus escritos a mundos que, com a devida modéstia, em muitas vezes superam nos quesitos originalidade e complexidade o que vem enlatado para nós!
Deixo aqui um grande abraço a todos os autores nacionais, sem exceção! A cada livro novo que surge das mãos de um compatriota, mais orgulhoso me sinto, pois nosso povo está começando a empregar sua energia numa das mais nobres atividades! Não desanimem, pois a luta é árdua e a caminhada penosa. Sigam seus objetivos, sejam cordatos com os leitores (poder conversar com o cara que escreveu o livro que eu comprei na livraria é uma das coisas mais legais do mundo!) e, acima de tudo, APÓIEM os colegas iniciantes! Lembrem-se que os mais experientes foram, um dia, um garoto ou uma garota anotando histórias num caderno imaginando poder estar no lado de lá da mesa de autógrafos em algum lançamento!
E não se esqueçam: NÃO É SÓ DIA 20 O DIA DE SE DAR UM LIVRO NACIONAL DE PRESENTE! É TODO DIA DE TODO ANO DE TODA SUA VIDA!
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