O mundo sem nome

No espaço em e entre a matéria que forma todas as coisas existe uma dimensão movendo-se com a velocidade de uma respiração. No espaço entre o extertor final e a fuga de centelha que anima um corpo, todo um universo expande-se e contrai-se num pulsar hediondo.

Alimentando-se de atitudes abjetas, de decisões terríveis, de toda a imoralidade gerada pelo animal humano há um lugar governado por uma entidade cujos tentáculos invisíveis roçam os espíritos dos seres racionais, impelindo-os com promessas de glória e riqueza.

Imagine um mundo feito a partir da matéria que dá vida aos pesadelos; um reino no qual o mal governa absoluto e a perversão de qualquer lei entendida em nossa realidade por natural é a norma; imagine um lugar onde a corrupção, a perfídia e a degradação caminam sem limite.

Imagine um plano em que seus habitantes conhecem apenas dor e sofrimento, onde as nascentes vertem pus e sangue estagnado; Uma dimensão de horrores inomináveis onde torres de ossos erguem-se majestosas sobre planécies de carne macilenta e intumescida.

Não. Não é o inferno judaico-cristão. Não é, definitivamente, nenhum inferno que possa ser mensurado e/ou comcebido pela mente de qualquer indivíduo (deste planeta ou não) capaz de refletir sobre o peso de suas ações ao fim de um dia.

Este, meus caros, é o "Mundo sem nome",  o "Reino atrás dos espelhos", lar de Thyrliath o profano!

Uma divindade gerada de tudo aquilo que consideramos pavoroso. Uma divindade a partir da qual foram criadas todas as lendas que conhecemos acerca de mal e obscuridade. Uma forma-pensamento consciente, viva, que se alimenta de toda a perfídia suscitada por aqueles tolos o bastante para segui-lo.

Desde antes da história, quando  uma raça orgulhosa e avançada caminhava por este mundo fitando os homens-macaco que nas eras seguintes povoariam a Terra qual locusta faminta, como uma praga que exaure o lar onde vive sem conciência de que está apenas realizando a vontade Dele, este ser busca apossar-se das almas desta esfera.

Seduzindo os incautos que formaram cultos através da história, Ele está cada vez mais próximo de seu objetivo. Tudo o que ocorre de maligno, de perverso, tem seus tentáculos como guia. A cada mulher estuprada, cada bebê assassinado, abusado, violado pelos pais ou por estranhos, a cada crime, a cada tragédia, a cada filho que desonra ou mata os pais e vice-versa... A cada ato malévolo seu poder cresce e sua influência se expande.

Definir tal criatura não é uma tarefa das mais fáceis. Ao curso dos séculos, muitos nomes lhe foram dados por seus seguidores: XLINS, "Aquele que viveria", sempre buscando identificar sob parâmetros humanos algo cuja significação real escapa a qualquer mensura capaz de ser elaborada por nossa insipiente raça.

Um dos mais famosos sacerdotes do culto ao senhor do reino atrás dos espelhos foi um faraó que teve o nome removido da história por aqueles que o sucederam. Khemenoshep, o Obscuro foi a alcunha conferida ao governante de um Egito ainda no auge, obcecado com o poder e o conhecimento oferecido por Thyrliath.

Seu período à frente desse nação foi um dos mais negros para o povo do Nilo, pois o culto ao novo Deus, vindo de um mundo identificado pelos Sumérios como Nibiru, lançara a outrora orgulhosa pátria num mar de degradação ímpar; num fosso pútrido onde toda a miséria e vilania humanas afloraram como os apêndices decompostos brotando nas Planícies de carne do mundo sem nome.

Derrotado e banido por um mago de além do grande mar (como eles chamavam o mediterrâneo na época) o profeta de Thyrliath recrudesceu ao esquecimento. Todavia, ordens iniciáticas ainda perpetuam a busca pelo portal, pelo momento onde trarão seu Deus profano a este mundo.

Na dimensão de Thyrliath existiram outros tão vis quanto ele. Travando uma guerra desde a criação de sua consciência, o Deus-Demônio-Agente eliminara todas as entidades capazes de se levantar contra ele e seus planos de conquista.

Todos exceto Wanagoth, o Pernicioso. Este é o único ser apto a derrotar Thyrliath em seu campo de batalha. Contudo, trocar um demônio por outro não significa, necessariamente, uma vitória.

A concepção do universo onde o Profanador reina absoluto deu-se no vazio, antes do tempo ser tempo, um chaga no tecido das multiplas realidades que já era antigo antes da criação (big bang), quando partículas positivas e negativas vagavam pelo éter em busca de combinarem-se no que seria a base da realidade atual.

No momento onde o primeiro mundo foi formado, a raça que o habitou desenvolveu-se e evoluiu, para, finalmente, mergulhar na busca pelo conhecumento do que havia antes do tudo ganhar substância. Essa procura levou-os  criar um artefato capaz de permitir-lhes o vislumbe de outros planos, levndo-os a travar contato com o abismo onde o Profanador governava absoluto.

Corrompidos pelos prodígios engendrados por seu novo conhecimento, chegaram a um ponto em que a centelha da ganância e do ódio consumiu seus corações numa guerra de proporções terríveis. A destruição e sofrimento gerados moldaram o universo onde essas milhares de almas foram arremessadas, provando a  Thyrliath o potencial destrutivo deste reino da matéria.

Este planeta esquecido pelo tempo, engolido pela bruma das lendas orbitva um quasar binário no centro daquilo que conhecemos por universo. Este foi o primeiro astro do primeiro sistema formado. Enquanto seus irmãos através do cosmo ardiam com suas crostas fundidas e metais liquefeitos, ele vicejava naquilo que seria o espelho para a vida em todo novo mundo.

Após a tragédia, pedaços desse astro moribundo navegaram através das estrelas, amalgamando-se em cada novo planeta gerado. Um pouco daqueles que povoaram esse mundo primordial está/esteve/estará em todo e qualquer astro resultante, contaminndo/gerando a existência com todos os seus atributos.

Por eras Ele aguardou em silêncio até que a semente do primeiro mundo germinasse na vastidão árida deste universo recem-criado. Por eras Ele planejou, maquinou, confeccionou planos de conquista que só poderiam ser levados a cabo com o desejo daqueles em nossa dimensão de permitir seu ingresso neste plano.

Ignorantes de que uma força negra existe e os observa através dos tempos, seres racionais nos mais distantes recênditos e mundos seguem com suas existências incapazes de perceber que, para a desgraça de toda e qualquer espécie, mais uma página se cumpriu!